Música com prazer em poesia


 Já dizia Aldous Huxley:

“Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível, é a música”

Música é prazer em forma de poesia.

Tudo começa no prelúdio: a troca de olhares, o calor da boca quase grudada, sentindo a respiração quente - mas ainda sem tocar uma na outra - a voz suave do gemido com entonação de mezzo-soprano de uma a capella, acompanhada de um barítono mediano, sussurrando quente: “Te quero”, formando uma consonância harmônica.

A intensidade cresce gradual e rapidamente, um legato, um marcato.

Bocas meladas, peles desnudas se tocando mais e mais, fazendo da modulação uma melodia; tenor e contralto, ambos gemendo sem pudor, sentindo crescer a vibração e o calor.

Dedilhação acompanhada de farto mel sonoro.

Sem perdem as cifras e partituras, substituídas pela percussão do tapa na bunda, e pela polifonia de ambos, que se esfregam e se encaixam, se entregam e entrelaçam.

Mais dedilhação seguida do instrumento duro penetrando, ritmado em sustenido: entrando e saindo sem medir timbre, tônica ou tom - ele apenas escorrega para fora e para dentro, enquanto a anca de 4 vai se allargando, rebolando, com alternância e frequência.

A dinâmica sem pressa, homorrítmica, com babas e suores: um grande show de carícias, delícias e malícias.

A intensificação, com o grand finale: um vibrato, espirrado no meio das pernas, escorrendo pela virilha depilada.

Sorriso de orquestra, troca de olhar de valsa, seguido com um lambuzado beijo na testa e um abraço carinhoso.

Ba dum tsssss...

 [Jade Rosa] 07/04/22

*Imagem: "Composição nº 8", de Wassily Kandinsky - 1923.

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