Fetiches com limites do sentimento


O sexo libertino e fetichista era extraordinário. E extraordinário.

Orelhas de cadela, coleira, pote de água repleto de porra. Plug. E rajado. Lingerie que cobre um corpo — quaaase completo. Um quaaase comportado — não fosse a abertura em meio as brancas coxas grossas, que roçavam uma na outra. De quatro tornava-se quase imperceptível — considerando o enorme coração lúdico que se formava com as nádegas arregaçadas e convidativas para o membro duro que já salivava baba. Ali, na entrada da raba, as pontas dos cabelos castanhos claros — quase um louro queimado — roçavam prum lado e pro outro. Gemendo aos gritos, dando show a uma vizinhança comedida e — falsamente — recatada: a cada passeio, aquelas ancas eram observadas e desejadas pelos — homens — curiosos de plantão. Meia arrastão, preta, sete oitavos, conectada à cinta liga com detalhe — de novo, de coração — marcando na coxa com pelos arrepiados, fazendo contraste na pele alva, macia e sedosa. A corda vermelha, ocasionalmente, fora acoplada às grades da janela. Memória da arte para raros talentos, no corpo que suplicava por dor mesclada com afago: tapas e mimos; escoriação e carícia; esfolamento e deferência. Equilíbrio. System of a down. Lá embaixo. Com system of above. Nos lábios, na têmpora. Na testa. Uhum. Equilíbrio. Uma empregada obediente. Um coração carente. Uma vadia na cama. Ama. Uma inversão. Solidão. Tapas com cuidado.

O agrado. Urro e gemido.

Um coração partido. Pela escolha, uma fase, vários traumas, toda vida — diluída ao redor de muitas outras perdidas. Perdera — ou será que ganhara? — pela chance de ter comido tudo aquilo, dando o melhor de si. Um novo sabor — experiência sabidamente rara. Até que ponto foi bom, se pensares na dificuldade de poder se deleitar enquanto oferece? Não há dúvidas de que valera cada gosto, cada arrepio, cada gozo. Mas… quando? Onde? Quer, deseja, anseia. Membro e consolo. Carinho e desolo. Conchinha e arrolo. Cheiro com cócegas. 5.ª série e filha pródiga. Seriam duas, com todas aquelas longas madeixas espalhadas pela cama? Despertar com risada. Cansada, ousada, gozada, comportada ou depravada. Não importa, desde que haja café e boa música. Zumbis que zombam, zanzam, zelam e zumbem zilhões de zoadas e zunzuns. Uma raba que se empina na mesa do café da manhã, clamando por sentir o pau penetrando. Lábios rosados melados, com toque dos dedos enfiados no meio, enquanto sente roçando, entrando e saindo. Um mènage a dois, com pizza a três, depois. Bem depois. 25 vezes depois. Uma garota perfeita, daquela que se sonha: Menina mulher, seios grandes e duros, eu chupo de um lado, você de outro. Pagamos? Ambas de quatro, um pouquinho em cada. Pagamos? Chupa enquanto come. Pagamos? Come e come. Pagamos. Tantas ideias, fantasias e desejos que cabem em uma planilha todinha. Dois membros, muito gozo. Divide-se, lambuza-se. É normal, afinal. Ahh, como os machos têm o que aprender… E, claro, o sangue acontece. É mensal, sabia? E nem precisa disfarçar. Se há confiança, aproveite para gozar. Lá dentro, no fundo. Sinta quente, muito, jorrando e escorrendo.

 
E, no fim, o que sonhou - e teve - tornou-se apenas um sonho realizado, ainda que mal organizado.
Aproveitado - e dispensado.
Pedido - e perdido.
Uma escolha com probabilidade de virar arrependimento.
Com o consolo - ou vários deles - pelo prazer de ter vivido todos aqueles perfeitos momentos…
No fim, valera - não há dúvidas, ainda que saiba da raridade - possivelmente impossível.
Valera, ainda que tenha consciência de que não encontrará muito daquilo.
Talvez nada daquilo.
Valera.
O caos pandêmico tomava o mundo.

O caos endêmico tomava a alma.
Mas, mais do que a carne comida, cedida, lambida, gozada, arranhada, estapeada e com risada… o sexo, o fetiche e o deleite eram extraordinários. E extraordinários.
Nunca fora só isso.
Nunca será.
E fim. <# [Jade Rosa] 29/10/2021 *Imagem: O velho guitarrista cego - Pablo Picasso, 1903.

Comentários

  1. Seus textos são incríveis e irresistíveis! Seria muito bom poder conversar contigo. Parabéns.

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