O nome do vento
O calor do dia, que fez milhares de corpos acostumados com corações frios suarem em seus pontos mais íntimos, tornou-se penumbra, com ventos que cortavam peles e poros. As portas rugiam perante tamanha força, e as venezianas não davam conta de conter nem o éolo que entrava, nem o desfastio de prazer que se seguira. Nunca o quisera. Mais do que isso: jamais pensara possível existir tamanho desejo, quiçá por um homem sensível como aquele. Como era doce. Seus fios de cabelo negros, contrastavam com a pele alva e macia, e os olhos marcavam a quem tivesse a chance de ver. O caminhar era uma dança, que fazia mover cada parte daquele corpo, como música para os olhos de quem inalava o acre nectarino. A boca, desenho de Édouard Manet, sempre cheia de brilhos. A voz rouca e delicada - ah, aquela voz! - deixava a marca na psiquê de quem tinha o raro prazer de apreciar qualquer pronúncia, prosa, gemer ou verso. E tudo era tão verso, que quando fez tocar esta mesma boca no lábio