Sabor branco quente



Vira de longe.

Desejava dentro.
Sabia, desde o início, que a vontade de comer, engolir, sugar e sentir fora recíproca.

A viagem traria o sorriso. 

Quiçá a conexão não se houvesse efetivado, no fundo da alma, custa pelas suas janelas.

Não cogitara concorrência inquirida e agressiva, mas a facilidade de aceitar e ver a vida deixara clara a censura de qualquer pensamento com  o viés erótico.

A interlocução primária fora a respeito da vida de ambos, assim, como trivial, como contato habitual.

Mas, ali, esse mesmo trivial e habitual se tornara um momento de desejos e devaneios, com uma fome voraz um do outro.
Esses mesmos toques - que se sucediam com características involuntárias - eram, na verdade, um atrelando-se na pele do outro, roçando, sentindo, queimando.
Já sentia encharcar.
Já sentia enrijecer.


Naquela noite, no então quarto silencioso, ouvia-se sussurros e suspiros, misturados ao som do líquido que saía freneticamente, um splash, escorrendo, lambuzando, da cabeça ao restante de ambas as peles.


O bumbum redondo, com toque macio e tom claro devido à marca do biquíni, gostava mesmo era de carinhos.
Arrebitava-se.
Arreganhava-se.

Oportuno fora o momento em que as mãos penetraram em meio as pernas, bem no fundo. 

Geme. 


Com delicadeza e olhos nos olhos, posiciona-a de ladinho, arrepiada.
Sentem, ambos, entrando; pouco a pouco, todo, inteiro.
Mete forte, latejante.
Aperta forte, pulsante.


Ele come. 

Ela dá.

Ou será o contrário?


O tempo passa, e, com ele, atiçando o mais profundo desejo para provar-lhe o gosto de todo o corpo.


A troca de ideias era livre e desmedida.
Suor escorrendo, unhas escorregando com a pressão perfeita para excitar ainda mais.
Dentro dela, imóvel mas pulsante, ele lhe acaricia o rosto, olhares intensos, vivos e entranhados: 'Você é linda'.
Geme, e goza.
E goza, e goza.


Repetidas paradas seguram o líquido branco tão desejado que está logo ali, na cabeça que lateja, enquanto rebola, atiçando-lhe todos os sentidos e trazendo o gozo à glande.

Uma boca aberta engole inteirinho, bebendo todo o leite deliciosamente quente, sem perder uma gota sequer.

Um ato repentino move forças.

O acaso definitivamente não acontece aqui.

Probabilidades? Nunca fora muito boa com fórmulas. 

O que sabia era que a conexão já havia sido instaurada...

[Jade Rosa] - 05/02/2021 *Imagem: "Laurette's Head with a Coffee Cup", de Henri Matisse - 1917.

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