Inebriante e crua carne

Jantar em noite fria, brisa cortante que tocava lábios rosados, babados e brilhantes. Coxas grossas roçando a carne, deixando-a com prazer, fazendo o apertado orifício escorrer.
Líquido cremoso, doce. Desejo de muitos.
Sente falta.
Quer algo.
Dentro.
Daqueles duros, fortes, intensos.
O último: veias e rigidez; Deixara como marca o grosso creme - branco, espesso, melado. Muito, do jeito que mais gostava. Sempre muito. Quanto mais, melhor.
Tudo. Não perdera nenhuma gota.
Sem calcinha, a saia permitia o contato: Degustava do vaivém da pele tocando a beiçola ao caminhar, a passos lentos, para sentir cada movimento: Sinônimo de tentação.
Como cadela, farejava o bálsamo de cada um dos membros de transeuntes que cruzavam seu caminho.
"Cruzava". Era tomada por tesão ao pensar nessa palavra.
Lembrava-se da sensação daquelas veias introduzindo-lhe.
Tumulto.
Esfrega.
No meio.Quer.
Dar?
Comer?
Fome insaciável.
Treme. Pulsa. Arrepia todos os pelos.
A carne suspensa, rosa, pequena e delicada, pede.
Baba.
É sede.
Um beijo molhado, com línguas se esfregando e dentes roçando nos lábios pervertidos, perdurou pelo que pareceu uma eternidade: A intensidade daquelas almas era quase um abuso à moral de uma sociedade machista e conservadora: impossível acobertar dos transeuntes a excitação contida e externalizada nos corpos. Tal falta de pudor foi o gatilho para o que se sucedeu.
O início foi na mesa, quando sentou-se, olhando nos olhos, pernas arreganhadas, sentindo molhar a madeira e deixa um carimbo e forma de pinha. Ao reparar, o membro enrijeceu de imediato. Não contente com os olhares, levantou-se e abriu seu zíper com destreza, e sentou-se no colo, engolindo inteiro.
Apenas rebolava, sentindo ele lá dentro ir à frente e atrás.
Os seios, já para fora, duros, eram esfregados em seu rosto, que caçava desesperadamente com a boca a fim de mamar-lhe com força.
O garçom parou para observar com interesse e um tesão inesperado. O mendigo, lá de fora, masturbava-se, em praça pública. Afinal, o que seria uma punheta perto daquela exposição de carnes? O casal ao lado sentiu-se em chamar, e começaram a se tocar ferozmente, ouvindo o gemer daquela menina-mulher; A hostess, com coloridas tatuagens nos seios fartos, fina cintura e avantajados glúteos, molhava sua calcinha, mordiscando os lábios, até que o dono, excitado que só, encoxou-lhe por trás, fazendo-a dar um pequeno e agudo gritinho, com uma risada marota; O garçom, até então apenas voyeur, já havia sido puxado, e agora foi autoritária - mas prazerosamente - posicionado em pé, atrás da cadeira, para ser chupado enquanto a sentada perdurava.
O dono recebeu sentadas. A hostess chupou. O casal tornou-se grupo, e ela, apenas a observar, chegou, gritando, a um orgasmo múltiplo e cheio daquele líquido colaborativo de tantas bocas e que várias outras queriam se embeber.
E foi assim, sem mais nem menos que, naquele local, além de servir saborosas carnes cruas, também servia cruas e saborosas carnes, tornando-se quase parte do cardápio diário. [Jade Rosa] 06/03/21 *Imagem: O jardim das delícias terrenas, Hieronymus Bosh - 1504.
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