Profundos azuis.

Os olhos dele sorriam mais do que muitos lábios que circulam por aí.
E quando sorria - olhos e boca - ahhh.. todo o recinto se alumiava: rosto quadrado, beiço brilhante, depressões naturais nas bochechas, errônea e absurdamente diagnosticadas como “defeito congênito” - quem teve a petulância de considerar as ditas “covinhas” uma falha?
Uma pintura.
O azul se perdia em meio a mente de qualquer ser, fazendo almejar projetar-se naquele oceano, brilhante e profundo.
Profundidade, essa, que tira o ar, banha toda e qualquer mulher que ali mergulha ou deseja mergulhar, faz desejar afogar-se no além mar daquele mirante.
Alto mirante.
E como era alto.
Não bastava a beleza estonteante, era uma incógnita entender o desejo de quem vislumbrava: Mergulhar ou escalar?
Uma abordagem ímpar a fez rever conceitos.
Incrédula, cedeu.
Era um infinito de olhar, de sorrir, tatear, degustar e sentir.
No parapeito da janela, olhar voltado para além montanhas, vestido de algodão leve e fino, sentiu roçar.
Tal rigidez fez com que os pelos de todo o corpo se arrepiassem, instigando o prodigioso titã a lamber-lhe o ombro, e sentir, na língua, o calafrio causado pelo duro toque.
Os longos dedos, nas ancas, laterais das grossas coxas, polpa e lábios, fizeram penetrar repentinamente, na cálida cavidade lubrificada. Há tempos não sentia tal regalo.
Os olhos azuis sumiram por instantes, e deram lugar à dentes e língua reagindo com um suspiro, gemido, enquanto apalpava a quentura e liquidez, imerso e lânguido.
Um gemido, duas vozes, dois gemidos. Tentação e ação.
Conduziu o corpo voluptuoso com os braços, sem esforço, arrancando o pobre traje. Ali, não passava de trapo excedente.
O carinho no membro, alcançando o objetivo de viabilizar a ânsia de deixá-la ébria de prazer, doía.
De bruços, imóvel, sentia tocar a pele, hasteava o quadril.
Cobiçava.
E sentiu.
O fundo era mais raso do que imaginava e havia experimentado: uma tortura insana, vinda de tão desenvolvida espécie.
Ainda assim, o traseiro permanecia elevado.
Como?
Naquela altura, jamais acreditara que uma dor poderia ser boa.
Era. Um corpo tomado por tesão inebriante. Incontrolável.
Com doçura e agilidade descomunal, girou-lhe, fazendo-a sentar no colo, como boneca de pano.
Ali, o fundo pareceu ainda menos profundo.
E ainda assim, ia até o fundo.
Carnes vivas e suadas. Mãos lascivas e aguçadas. Olho no olho, fundo e fundo.
Tira, mão na boca, com o dedo, leva abaixo.
E ela sente o gosto de ambos, assim, na mais pura essência, no êxtase do gozo. [Jade Rosa] - 24/02/21 *Imagem: "A criação de Adão" - Michelangelo, 1511
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