Nem sempre dois.

O ar frio da manhã Outonal fez aquele coração quente
despertar.
Gélido, lacerava vias, invadindo a carcaça que padecia
inerte, ainda que entre quatro paredes nuas de cor.
Sequer tremulava.
O corpo? Inanimado.
O fôlego lhe faltava, após desmesurada tortura na noite que se
passara.
Esperou, por copioso período, algo desenrolar, porém sentia
apenas a cortante atmosfera lúgubre.
A luz do sol - que nascia brilhante e laranja - ofuscava os olhos verdes de uma pele branca, e cintilava as mechas pretas e volumosas.
Percebera pois que pudor lhe faltara: não sentia vestes na pele do corpo. O vento tocava coxas agora inertes e meladas com um líquido que estivera quente há alguns instantes, e agora corria em fios pelas virilhas, ao som do vento silencioso na barulhenta psiquê, atravessando naquele estreito espaço excitado há tão pouco.
Lentamente, a mente se manifestava; flashes dos quatro pés lhe ocupavam o pensar, com uma mistura de timidez e vontade. O dançar, conseguinte, dos 6 pés rodopiando pelo cômodo simplório, em um ritmo sem compasso, com cada passo dado do seu jeito, sem regras e pudores.
Lábios adocicados e macios tinham sede não d´água, mas daquele paladar que posteriormente chamou de ostra perfeita, fechada mas densa, delicada e corrompida pelo toque de lábios selvagens e sutis em uma noite qualquer.
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