Se trata de VIDA.


Se antes a disparidade social já exigia que nos mantivéssemos unidos, agora, mais do que nunca, devemos estar conectados – ainda que separados.
“Longe é um lugar que não existe”, disse Richard Bach.
“Distante, sim. Distanciados, jamais”, disse alguém especial.
O fato é que a polarização, neste momento, não nos levará à lugar algum.
Para muitos este é um tempo de reflexão e meditação.
Para outros é tempo de desespero, porque foi demitido – ou já estava desempregado – e mal tem como sobreviver. As contas ainda chegam, o corpo ainda pede alimento, e a mente pede – cada vez mais – sabedoria e sanidade para encontrar saídas e perdurar.
Alguns tem o apoio de familiares e jamais se sentem sozinhos. Outros estão em completa solidão.
Há quem diga que “estamos todos no mesmo barco”.
Não é verdade: Cada um está em um barco, um muito diferente do outro. Todos na mesma tempestade em alto-mar, mas as embarcações são diferentes.
Muito diferentes.
Há barcos grandes – cruzeiros – repletos de suprimentos e diversão. Neles, as pessoas sorriem e lutam para que voltemos à rotina normal, afinal, precisam pagar o combustível de seu barco.
Estes naus sequer balançam perante as gigantescas ondas que se formam.
Há os medianos, com remos e pessoas suficientes para seguir, um apoiando ao outro, com muita luta, tempestade cortando seus rostos e calos nos dedos - de tanto remar para encontrar a terra firme, a estabilidade. São estes quem, de fato, pagam o combustível dos cruzeiros.
E há os botes.
Estes, de plástico, flutuam sem rumo, sem rota e sem remo. E embora neles não caiba muita gente, são sempre os mais cheios. Apesar da superlotação, elas estão unidas – desesperadas, mas unidas – pois sabem que em uma tempestade, um bote afunda.
Não se trata de política.
Não se trata de economia.
Se trata de VIDA. De se MANTER VIVO!
Este é o momento ideal para o ser humano aprender a SER humano.
Vamos olhar para o lado, ter empatia, procurar sentir o que o outro sente, sem que ele tenha que lhe pedir.
Vamos manter a sanidade mental durante essa tempestade, e, por favor, que os mais sãos puxem quem está perecendo.
Porque a gente pode dar a mão para quem está pendendo do nosso barco – ou, quem sabe, trazer alguém de um barco menor – desde que, depois disso, lavemos estas mesmas mãos com água e sabão e passemos álcool gel.



[Jade Rosa] - 05/04/2020

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