La vie (est - elle belle?)


Em tão pouco tempo, o horizonte mudou suas cores. Se antes o pôr do sol acalmava a alma, agora a inefável sensação de temor toma conta dela – a alma.
O caminho é trilhado sem saber onde vai dar. Sem saber onde vamos chegar.
Ou se vamos chegar.
Quando há caminho.
E quando há a permissão para circular.
Engasgamos na emoção.
Expressões de afeto acompanhadas de reações breves do organismo, em resposta a um acontecimento. A este acontecimento. Aqui, o segurar o choro. Ou o chorar por dentro. O nó na garganta. O chorar.
Produzimos a sensação.
Causada por um estímulo pontual, um caso ou um acaso. Neste caso, 'O caso'.
Prontamente temos a sensação avassaladora da detenção, da restrição; o medo do caos.
Nos corrói o sentimento.
As emoções – de novo ela – conscientes. Portanto, sentimento: a conscientização da emoção.
Mesmo? Nestes tempos a razão? Há razão?
O compreender. Compreender?
Entende-se apenas que a qualquer momento o tempo de quem se ama pode acabar. O tempo de qualquer um. O meu. O seu. E - por que não? - o de todos nós.
A vida.
Tão breve, tão bela. E tão frágil. Efêmera.
Tão longa, tão triste. Tão dura. Eterna.
Até quando 'eterno enquanto dura'? E por que para alguns tão dura?
A petulância e imprudência de quem não tem nada a perder – ou tem – gera, além do pânico, a vulnerabilidade mental e psicológica dos mais frágeis – ou não.
A vida é realmente cheia de mistérios. Bons, ruins; longos e curtos; belos ou nem tanto. Porém, obrigatoriamente imprevisíveis. Ora, se não o fossem, não seriam mistérios.
O fardo do medo do fim – o medo, pura sensação– que sempre foi pensado, escrito, estipulado e determinado por pragas, ou pelo ser humano com seu arsenal de guerra.
E aqui a praga e a arma foi o próprio ser.
Para nós, para a vida, e para o mundo.

Fique em casa.
Stay at home.
Rester à la maison.

[Jade Rosa] - 24/03/2020

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