Mãos que falam prazer

Ela sabe que aquelas mãos falam.
Elas
tem o incrível poder de expressar quando ele não pode – ou não quer – verbalizar.
Grandes,
quentes, e ao mesmo tempo brutas e delicadas.
Com
seu calor imensurável, as mãos dele transitam, passeiam, dão
voltas por seu corpo desnudo e suado, demonstrando a ela a excitação,
expressa somente pelo tato.
Vai à
boca - e com umidade da saliva - ao pescoço, ao colo, ao ventre e
abaixo - se tornando ainda mais úmida, resultando no gozo do
momento.
Elas tocam.
E
tocam.
Aqui,
as notas que sua mão produz possuem ritmo, cadência e constância.
E às
vezes não possuem nada disso. Tudo é loucamente sensorial, sem previsões ou regras. Sim, sem regras.
Quando
em sintonia e sincronia com o corpo robusto, provocam uma magnífica explosão, uma melodia extasiante, com sons - e sensações - para maestro nenhum botar
defeito.
Soam
como mel real - com suavidade e sutileza.
Soam
como palmatória - dura e forte.
E a
soma dessas duas formas resultam num momento único, um caminho nunca
antes assim explorado por outras mãos neste corpo com fome de calor,
provando uma sensação jamais sentida por ela, que tanto o deseja,
com seus longos dedos.
Suas
mãos falam.
A
suavidade no toque a deixa plena, a força ao prendê-la a deixa com
mais desejo, a ponto que querer sentir na boca o gosto quente do seu sexo.
Porque
ela tem fome. Ela é voraz.
Na
boca, o sugar.
No
seio, o enrijecer.
Entre
as coxas, o calor.
No cabelo, o cuidar.
Na
mente, inefável querer.
E ela
se pergunta: Seria isso outra forma de amor?
[Jade Rosa] 06/04/2020
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